José Camilo & Seus Cúmplices

José Camilo é um artista que gosta de se posicionar entre a lírica cuidada e a dicção apurada de alguns dos mais nobres cantautores e a batida rápida acompanhada pela guitarra distorcida dos punk-rockers. Natural de Queluz, com "24 Horas no Subúrbio" de 2013, criou um disco conceito sobre como foi crescer numa cidade da Linha de Sintra, à sombra da capital, da grande cidade. Desfilaram canções melancólicas, mas ao mesmo tempo fortemente enraízadas no rock, com guitarras intensas, num som inspirado pelos anos 90, mas longe de estar ancorado nesta década. Em 2016, com o seu segundo álbum de nome “Obra Camiliana”, a melancolia transformou-se em raiva e o subúrbio no imenso Portugal, com José Camilo a brindar-nos com um disco de guitarras sujas e bateria de velocidade estonteante. Em 2018, foi a altura de José Camilo se mostrar menos como rocker e mais como escritor de canções. Com o EP de quatro temas “Sem Rei nem Rock”, o artista apresentava-se mais desnudo e a bateria rock pujante, dos discos anteriores, deu lugar à guitarra acústica. Ganhou assim o cognome de “Punkautor”. Em 2019, volta a rodear-se dos seus Cúmplices (banda que o acompanha ao vivo) para regressar a um rock energético com o disco “Subterrâneo”. Em 2021, as guitarras deram lugar aos teclados, as letras de canções a poemas sem rima nem refrão e a voz cantada foi substituída pelo spoken word. Um disco de spoken word com a electrónica de Cláudia Correia que faz também a produção musical e um livro de poemas da autoria de José Camilo com o nome “Os Poetas não devem ser chatos, mas os leitores não podem ser estúpidos”. Agora, José Camilo convida os Cúmplices para passarem de banda ao vivo para companheiros de gravação e responsáveis pelos arranjos das canções que compõe. Ao contrário do que sucedia antes, este é um disco gravado em conjunto, com os arranjos a serem criados na hora pelos músicos e terá o nome apropriado de “José Camilo e Seus Cúmplices”.